Dados do Trabalho


Título

FUNÇAO SEXUAL FEMININA 6 MESES APOS HOSPITALIZAÇAO PARA TRATAMENTO DA COVID-19

Resumo

Introdução: A COVID-19 pode causar disfunção de múltiplos sistemas em sua fase aguda. Atualmente, há interesse crescente na síndrome pós COVID, que envolve seqüelas físicas e cognitivas persistentes. Neste estudo observacional, avaliamos a função sexual feminina 6 meses após hospitalização para tratamento da COVID-19. Materiais e métodos: 80 mulheres com diagnóstico confirmado de COVID-19, que foram internadas no Hospital das Clínicas em 2020, foram convidadas a participar de avaliação multidisciplinar 6 meses após a alta. Dados sociodemográficos e clínicos foram registrados, bem como dados da internação. A função sexual foi avaliada por meio da versão abreviada do questionário Female Sexual Function Index (FSFI-6), que avalia os diferentes domínios da sexualidade feminina: desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor. Um score ≤21 é considerado consistente com disfunção. As participantes também responderam a uma pergunta comparando sua vida sexual no momento da avaliação com como ela era antes da COVID. Resultados: 59 mulheres responderam ao questionário. A idade média das participantes foi 48.8 ± 17.1 anos. Durante a hospitalização, 33 (55.9%) necessitaram de cuidados intensivos, 23 (38.9%) foram intubadas e 8 (13.6%) necessitaram de hemodiálise. Seis meses após a alta, trinta (50.8%) eram sexualmente ativas. O FSFI médio foi 8.49 ± 7.6 (<45a:13.35; 45-65a:6.0; >65a:3.8). 89.8% tiveram score total ≤21. A disfunção sexual afetou 78.3% das mulheres <45 anos, 96.2% daquelas entre 45 e 65 anos e 100% das com mais de 65 anos de idade. O domínio mais afetado foi o do desejo sexual, seguido por excitação e orgasmo. Das mulheres sexualmente ativas, 50% estavam satisfeitas com sua vida sexual atual. Em comparação com o período pré COVID, 28.8% consideraram que sua vida sexual piorou, 50.8% consideraram semelhante e 3.4% acharam que houve melhora. O único parâmetro clínico associado ao risco de disfunção sexual foi a idade: mulheres com menos de 45 anos tiveram menor risco (OR:0,9229; IC 95%: 0,8533-0,9983). Conclusão: houve alta prevalência de disfunção sexual feminina 6 meses após internação para tratamento da COVID-19, e muitas pacientes notaram piora de sua vida sexual após a doença. Não houve associação entre a gravidade da COVID e a função sexual. Este foi o primeiro estudo que avaliou a função sexual a longo prazo após a infecção pelo SARS-CoV-2. Mais estudos, com maior número de participantes, são necessários para corroborar estes achados.

Palavras Chave ( separado por ; )

disfunção sexual; COVID-19; função sexual feminina, long COVID-19

Área

Disfunção Sexual

Instituições

HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP - São Paulo - Brasil

Autores

JULIA DUARTE SOUZA, Jose Bessa Jr, Julyana Moromizato, Rachel Mazoni, Thulio Bossi, Marcelo Hisano, William CARLOS Nahas, Homero Bruschini, Jorge Hallak, Cristiano M GOMES